Boa noite Nark.
Numa semana em que as esquadras 201 e 301 de Monte Real estão na boca de todos pelas melhores razões, temos a oportunidade de entrevistar o Grande NARK, um artista que está a marcar as nossas vidas com a sua pintura comemorativa dos 60 anos dos Falcões.
Antes de conhecermos mais sobre o teu trabalho, o nosso obrigado pelo tempo que nos vais dar. Muito obrigado por isso.
509tigers – O que te levou a ser um artista como és hoje reconhecido? Como é o minuto zero do NARK?
Nark – Foi a ambição de ser um artista reconhecido pela minha arte… A vontade de me expressar, por vezes apenas a vontade de criar que me levou a ser quem sou hoje. Mas o melhor está para vir…
509tigers – grafitis ou as tatuagens? Melhor dizendo… arte em grandes ou pequenas dimensões?
Nark – Sem duvida o graffiti é a arte que mais me fascina, além de ser algo mais meu, não tenho problemas em desenvolver a minha criatividade no acto, na tatuagem as limitações são muito maiores, além da margem de erro. Sempre gostei de produzir em grande escala porque é quando se consegue ter melhores resultados do spray.
509tigers – Quem conhece um pouco do Nark, sabe que és mais que um simples artista. Já deixaste a marca em vários eventos com uma mensagem politica, social e de intervenção. O que sentiste quando te foi feito este convite da Força Aérea Portuguesa?
Nark – Em relação ao convite da Forca Aérea Portuguesa foi algo que me deixou orgulhoso; quem em pequeno não viu o Top Gun e sonhou ser piloto? Bem, eu fui um deles.
509tigers – Como surgiu este convite?
Nark – O convite surgiu através de um piloto dos Falcões que já seguia o meu trabalho e propôs algo novo para celebrar os 60 anos dos Falcões. A partir daí surgiu o convite para apresentar uma proposta.
509tigers – A ideia foi imediata ou houve um longo período de pesquisa?
Nark – Houve um período de pesquisa, porque a ideia seria reproduzir um falcão peregrino, logo tive de estudar um pouco sobre o animal para poder apresentar uma proposta coerente.
509tigers – O que achaste mais curioso neste processo criativo?
Nark – o que achei mais curioso neste projeto foi a oportunidade que tive de conhecer a realidade da Forca Aérea Portuguesa, fiquei fascinado com a cultura que existe em torno da aviação militar.
509tigers – Este projeto tem também uma mensagem social? Qual?
Nark – Este projeto apenas pretende personificar o espirito dos Falcões.
509tigers – É um dos teus trabalhos favoritos?
Nark – é um dos meus projetos preferidos pela diferença em relacão a tudo o que já fiz, para além do que disse anteriormente, adoro aviões desde pequeno.
509tigers – Como te sentiste a criar e pintar um projeto tão emblemático para a Força Aérea Portuguesa?
Nark – Senti responsabilidade, porque para além da entidade em questão, havia a novidade do suporte.
509tigers – Que tipo de tinta usaste uma vez que é um avião que atinge velocidades elevadas e variações de temperatura drásticas.
Nark – Foram feitos alguns testes a nivel de compatibilidade, depois de perceber que havia compatibilidade dos materiais, foi avançar. Mas sim foi um processo demorado.
509tigers – Elaboraste vários esboços?
Nark – apresentei duas proposta e foi escolhida uma pelos Falcões.
509tigers – Como ocorre o processo da passagem do esboço para a aeronave?
Nark – orgulho-me de dizer que é feito a olho, sem moldes ou projetor, apenas uso o mesmo método que se usava há 500 anos atrás, quadricula.
509tigers – A tua ligação com a FAP… já existia?
Nark – Não existia.
509tigers – Quais são os teus próximos projetos?
Nark – O projeto está a decorrer, estou a pintar mais um f16 para a Força Aérea, desta vez para celebrar os 50 anos dos Jaguares. Ainda não posso divulgar o resultado mas está para breve.
New project… Jaguares fighting Squadron…
Nark, obrigado pela entrevista. É ótimo ter esta oportunidade de conhecer mais sobre o teu trabalho.
Quem é Nark? (in http://nark1.blogspot.com/2010/12/biografia-rising.html)
Nark, nasceu em Lisboa no ano de 1979, tendo crescido com a realidade dos bairros degradados de Lisboa, uma vez que os seus pais viveram toda a vida com dificuldades, em casas alugadas. Aos 18 anos a separação dos pais levou-o directamente à sua independência.
Já com muitas histórias e revoltas dentro de si, Nark começou a interessar-se por artes, tendo realizado um curso Técnico-Profissional de Conservação e Restauro em Estuques e Pintura Mural, concluindo-o em 99, já com 20 anos. Foi o facto de ter entrado nesta escola que o seu interesse por graffiti se revelou, uma vez que teve aulas no 1ºano deste curso sobre Pintura Mural, sendo o graffiti uma das vertentes. Ganhou assim forma a sua vontade de pintar nas ruas.
Ao conhecer dois artistas do género, foi-se introduzindo no meio, embora com um estilo bastante diferente do habitual, mas sempre com o tag de “Nark”. Começou por realizar caras e fundos para complementar os graffitis dos seus amigos, tentando passar uma mensagem, uma opinião. E foi sempre com esse conceito, de inquietação com o mundo em que vivemos, que Nark ganhou nome no movimento de graffiti Nacional.
Em 99, já tinha decidido que iria fazer Graffiti o resto da sua vida, tendo participado e vencido alguns concursos: Carcavelos 99, Oeiras 2000, 2º classificado em Oeiras 2001 e 2002, sendo então convidado para fazer demonstrações para eventos do género.
Depressa se apercebeu que a sua arte era demasiado dispendiosa, porque, para além da dimensão dos trabalhos, também havia o problema de falta de respeito por quem é novo no movimento. Como tal, optou por realizar trabalhos de técnica mista, com tintas plásticas a preencher grandes superfícies e usando a lata mais para retoque ou acabamento.
Em 2003/4 apercebeu-se da sua capacidade de criar murais de grande dimensão, altura em que começou a explorar outras vertentes e a pintar regularmente com outras krews, sempre com o intuito de deixar nas paredes uma critica social ou uma fonte de reflexão pessoal.
Ficam algumas fotos dos teus trabalhos e links.
inks:
Facebook: facebook.com/Nark.CPK/?tn-str=k*F
artigos: http://www.ericeiramag.pt/mafra-musica-criacao-nark/
http://www.ericeiramag.pt/nark-o-que-mais-me-atrai-em-mafra-e-a-terra-em-si/